sábado, 4 de agosto de 2012

Crónica Benzodiazepina



CARTA DE DESPEDIDA

Às vezes tenho tendência para as inseguranças, as incertezas, as imbecilidades, as infantilidades... às vezes esqueço-me de que não tenho assim tão mau feitio e deixo que me pisem. Mas hoje apercebi-me de que era hora de me tornar visível. Vou deixar-te porque estou cansada da tua imaturidade, dos teus jogos... Mas até lá vais perceber que, apesar do meu metro e sessenta, uma pessoa é alta quando sente que é alta e está provado que nos podemos sentir altos se olharmos para os outros de cima para baixo, coisa que nunca me habituei a fazer.
Hoje acordei com a sensação de que poderia, com facilidade, largar a minha vida sem fazer barulho e meter-me noutra. Tudo no silêncio das seis horas da manhã e perante uma total ausência de gravidade.
Tenho isto a dizer-te: és imaturo, inseguro, indeciso e pouco empenhado. Não é que eu quisesse um lambe-botas. Nem tenho nada contra aqueles homens que lêem nos olhos das suas mulheres. Mas tu és impressionantemente atrofiado emocionalmente.
Sei que o meu grande defeito tem sido a minha total incapacidade de ser bruta, mas só até aqui. A partir de hoje vou tornar-me, com a tua preciosa ajuda, uma verdadeira cabra. Por isso, "get your tongue out of my mouth, I'm kissing you goodbye".


Carmo Miranda Machado

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