quinta-feira, 3 de maio de 2012

SEMANA DA LUSOFONIA - Palavras Versadas (III)


Sina

Um soluço
e o que era velho, escuro,
pôs-se a lamentar
a menina de tranças
escuras como a noite,
branca pele, negro olhar
Negros olhos que choram
sob os raios da noite quente,
feitiço imponente do luar

Lembrou-se da primeira estrela,
dos lírios e da primavera
Flores roubadas nos jardins
Das mais queridas, a Dália carmim
como seus lábios de flor,
cor de fogo, alma acesa
Imensa, intensa vida
pulsava ali

Um piscar de pestanas,
esfrega os olhos ainda úmidos,
avermelhados e turvos
do seu interior orvalhar
Rezas, lamúrias
sangram como açoite
nas costas do desterrado,
foragido da infância,
ainda criança começou a chorar

E chorava como sina,
decerto menina
fez-se forte, mais sabida
ou apenas precisasse
aprender a manipular,
colocar máscara de maturidade
matar os sonhos, acostumar-se
com as regras do jogo,
cedo ou tarde
há que se aprender
a fechar os olhos e esquecer.


Joice Furtado (Brasil)

1 comentário:

Unknown disse...

Olá amigo Joshua. Obrigada pelo carinho. bjusss