quinta-feira, 18 de agosto de 2011


Insone

Devo dizer que anoitecia. A minha mente amordaçada pela liberdade trauteava o compasso nocturno. Caminhava por instinto, desregrando a escuridade. Os sinais permaneciam irrequietos, as incertezas deslizavam trémulas, a mente extasiava-se palpitante. A noite permanecia. Ou era eu que permanecia dentro dela. Num qualquer recanto obscuro do dia. E a noite resistia, sombria. Por vezes tudo surge submerso na densidade da noite. E eu ia fluindo em tons de musicalidade fragmentada sobretudo sobre nada. Mas nada sobra. E a noite insistia, em perversa melancolia.


Bruno Vilão

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