sábado, 30 de julho de 2011

Crónica Benzodiazepina


Acidentes mediáticos

A propósito de acidentes, muito se tem escrito na blogoesfera sobre o Angélico. Há quem o condene de imediato porque devia ir em excesso de velocidade, porque devia ir com os copos, porque não levava cinto, porque jovens como ele são todos uns inconscientes por colocarem a sua vida e a dos outros em perigo. Há quem o defenda e sofra como se, pelo facto de ser conhecido, fizesse parte da família ou dos amigos. Os portugueses são exímios em expressar juízos de valor quer estejam ou não na posse de toda a informação sobre qualquer assunto que seja.
Eu apenas lamento uma morte tão prematura, como lamento todas. Não sei o que provocou o acidente. E ainda que tenha sido por algum dos motivos referidos acima, quantos podem dizer que, em algum momento das suas vidas, não facilitaram? Eu não posso. Da mesma maneira que me recusei muitas vezes a ir num carro com um condutor embriagado, ou que convenci alguém a deixar-me conduzir por não ter bebido, também já andei de carro com amigos que conduziam embriagados, andei sem cinto, fui fazer piões de jeep, andei em carros ultra lotados, andei a 280 de mota e, uma ou outra vez, conduzi ligeiramente embriagada. Era mais nova, é certo, mas mesmo assim com idade suficiente para ter consciência do que estava a fazer. Tive sorte, muita sorte porque há, efectivamente, idades em que nos achamos imortais. Também me impressiona todo este circo mediático montado à volta deste acontecimento. Como se ele fosse o único a sofrer uma morte destas. Era, de facto, único para a sua família e amigos. Ele perdeu a vida e os que o amam ganharam um inferno particular que só o tempo irá amenizar.


Missanga

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