quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


Voltando a Istambul...

Como se não bastasse a moldura fria da pedra, da mesquita que se impõe, do bazar que se insinua, como se não bastassem as crianças perdidas nos seus gritos inquisidores, as mulheres veladas, as pombas acinzentadas, os homens que olham em rasgos inquietos de sorrisos secretos, como se não bastasse o cromatismo harmonioso das especiarias que se revelam na curiosidade discreta, como se não bastasse o rumor dos passos apressados, movidos e ritmados de pessoas ignoradas, do sincretismo escondido, da similitude de destinos, como se não bastasse a força da fé raiada nos rostos, do panteísmo perdido das árvores abraçadas ao vento leve que bate na pedra fria da moldura da mesquita e deixa esquecida a praça ao som do tempo que emana desgarrado do chão sagrado da Yeni Camii.


Berenice Greco

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