sexta-feira, 31 de dezembro de 2010


Viva o recomeço

Eu cá estou que nem Antero, acredito em fadas. Umas são velhas e feias, outras lindas de pasmar... Acredito que a magia acontece quando nos levamos ao limite sem perder a dignidade. Quando acreditamos que nada mais há a fazer, mas não fazemos o que não está correcto porque não o equacionamos sequer. Então, ali, à beira do abismo, uma forte rajada de ar lança-nos para terra, ou surtindo o efeito de muralha de vento, impede-nos de cair. Voltamos a sentir-nos tão vulneráveis quanto crianças, entregues aos cuidados de algo maior. É curioso o processo. Mas pelo menos na minha vida é assim que se tem manifestado. Cai o ego, o orgulho, não a dignidade. Damo-nos por vencidos, em relação àquela batalha e olhamos ao redor já com todo o desinteresse pelo efémero quando, subitamente, vindo do mundo do fantástico, um duende ou uma fada, nos bate à porta do destino com uma caixa de bombons. Tudo recomeça a movimentar-se de novo. Primeiro, num passo lento, como que a puxar pelo nosso corpo e espírito, exaustos pela última batalha e depois, lentamente, vai-se ganhando novo ritmo, novo alento, novo sopro. Viva o recomeço! O mais dificil é enterrar definitivamente o que é velho, largar antigas esperanças e sonhos inadequados. A analogia entre a nossa vivência e a informática é cada vez mais adequada. Reeniciar um processo pode implicar uma limpeza no sistema.


Lucinda Gray

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