sexta-feira, 27 de agosto de 2010

OS NOSSOS CONVIDADOS (III)


Insónia

São quatro horas da manhã - ainda não dormi nada, nem tenho tenção de o fazer, não consigo. A minha cabeça está incrivelmente cheia de emoções e pensamentos ridículos, todos eles desarrumados. Fito o tecto do meu quarto, iluminado pela luz ténue dos candeeiros da rua. Nada disto faz sentido, as coisas que me rodeiam parecem-me todas semelhantes, todas monótonas, nem o próprio silêncio que se faz escutar é lógico. Se, eventualmente, pudesse retroceder no tempo não teria feito o que fiz, nem teria dado metade do que dei - afirmo. Levanto-me - vagueio pelo quarto, pela casa. Procuro conforto num insignificante copo de água que vai ficando vazio. Os lençóis, a almofada com o cheiro a lavado não me confortam. Dou voltas na cama - o arrependimento não se some, atormenta-me. Quero sorrir de tudo isto, palavra que quero, mas sinto um enorme mal-estar. Assim passo as noites que nunca mais encontram fim.


Joana SantosPortugal, Porto de Mós (Blogue "Português Suave")

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