quarta-feira, 25 de agosto de 2010

OS NOSSOS CONVIDADOS (I)


ÂNCORAS

Contemplando o oceano das possibilidades infinitas, arrebatados pela maré das indagações
construímos castelos de areia à beira-mar

castelos que ao avançar das ondas se desfazem ao mero toque, partilhando a sina das nossas mais firmes convicções

aos olhos desenhados para a escuridão, desejosos de um vislumbre da luz do dia em technicolor, resta o consolo de um filme mudo em preto e branco, quando muito
... as sombras da "caverna de platão"

em dívida com a certeza, compramos outra noite de sono com a moeda fácil do subterfúgio, subornando a dúvida com as migalhas de realidade de que dispomos
a pergunta que não se cala exige sempre mais desculpas

desculpas dignas de uma cela acolchoada, no mais das vezes

cinco sentidos apenas e uma paleta limitada de cores, a mistura de tintas intuitivas na paisagem da percepção
plástica disforme do mundo exterior, imagem e semelhança do pouco que somos e do muito que pensamos ser lançada sobre tudo que é

e a obra-prima natural necessitaria de retoques?

mente humana: berço e sepultura dos esforços vãos, panteão de deuses efêmeros, alimento perecível da conveniência temporária

na praia segura da razão, tendo à frente as águas turvas do desconhecido, a promessa tentadora do horizonte acena
...a nau da utopia conduzirá a aventura aos muitos portos de escala da desilusão
testando a fronteira final da curiosidade


Rinaldo Leriano - Brasil, Criciúma (Blogue "Parlatório")

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