quinta-feira, 5 de agosto de 2010


Às vezes

... vagueio na net a ver casas em Madrid, a procurar empregos em Nova Iorque, a consultar roteiros turísticos em Itália. Por aí. Como se fosse possível fazer a mala hoje e embarcar amanhã. Nem um telefonema, nem um bilhete... Nada. Apenas deixava em segredo o meu destino a meia dúzia de pessoas. Não é possível, mas a simples possibilidade de o fazer liberta-me de tudo o resto que me prende. Lisboa, Portugal, o Tejo, tudo aqui está cada dia mais aborrecido. Preciso de inventar, ou que me inventem, uma nova vida, para eu conseguir viver esta que tenho. Salvam-me os que me amam e me emprestam a deles, todos os dias, um bocadinho. A minha vida está sempre além do presente, renunciando hipocritamente o passado, antecipando sofregamente o futuro. É ou não é uma grande chatice? Às vezes, também estou bem e ando a tempo dos outros todos. Menos mal.


Ana Santiago

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