terça-feira, 2 de março de 2010



Memória da Pele

Poro a poro os fluidos exalados envenenam o sangue. Raios! Só penso em frutos sumarentos e polposos. Goiaba perfumada, araçás, manga... Intercalam-se memórias de sabores com o gosto do teu corpo. Memórias unidas para me infernizar.
A minha mão arde, de tanto revisitar o teu peito. Memória de pele. Não é justo. Não deveria ser assim. A pele não tem nada que reclamar direitos sobre o que já possuiu. Gulosa e irracional, não me deixa dormir, descansar, pensar. Estúpida e insensata. Expõe-me, faz-me baixar a minha tão engenhosa e eficaz guarda. Não gosto de ti, memória rebelde que se impõe como se fosse legitima. Não és! Viro-te as costas, ignoro-te. Olho-me no espelho e digo... Aqui quem manda sou eu!
 
Lucinda Gray

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